sexta-feira, agosto 26, 2016

O lugar do espectador

Se me permite um parentese, é pena que o lugar do espectador seja hoje tão pouco estimulado socialmente. As escolas e a comunicação social promovem com mais ênfase os talentos, as vocações (mesmo quando não existem), o protagonismo, os banais quinze minutos de fama, quando o papel do espectador — do espectador curioso, informado e exigente — é o elemento fundamental para um meio artístico e cultural vivo e sustentável. Acresce que ser espectador é um privilégio, poder desfrutar da maravilha da criação dos grandes artistas. Sempre que posso, abdico de qualquer outra actividade para ser um feliz espectador...
Rui Ângelo Araújo, entrevista, “Notícias de Aguiar” 24 Ago 2016


sábado, agosto 06, 2016

Escrever

Escrever, ou é um exercício memorial, com flores e paisagens, algo autodidacta, como faziam as damas suecas do século XIX, ou como a avozinha Moisés, uma síntese de boa educação, forma de apagar a personalidade e deixar boa impressão aos netos; ou não é.
Para mim não é. Por isso irrito o meu público e mesmo os leitores de pouca dura que me encontram num artigo ou numa entrevista de jornal.
Francamente – porque pensam que eu escrevo? Para incomodar o maior número possível de pessoas, com o máximo de inteligência. Por narcisismo, que é um facto civilizador.
Agustina Bessa-Luís, “Contemplação Carinhosa da Angústia”