A raiva
interiorizada pode ser muito mais violenta do que a “gritaria”. Se um ator
gritar na direção de um espetador, este é afetado emocionalmente por um ruído:
não é a sua consciência crítica que está a ser abordada. (...)
O gesto do ator
deve resultar de um movimento interior dele mesmo, com um significado, senão
redunda no esbracejar, que já Hamlet criticava nos atores: “Por que é que
agridem o ar? Ele fez-vos algum mal?”
Rodrigo Francisco, “Notas
para uma encenação” – a propósito de Joaquim Benite, JL n.º 1101