S. Leonardo de Galafura, 8 de Abril de 1977 – O Doiro sublimado. O prodígio de uma
paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os
olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens
titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor
pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares
plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e
já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve
a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no
fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza
absoluta».
Miguel Torga, "Diário
XII"
Citações... Acontece em leituras deparar com a frase perfeita, ou um pensamento elaborado tal qual o sentimos e gostaríamos de escrever, ou o espanto da descoberta de um conceito com o qual passamos a concordar plenamente, ou de uma ideia marcada pela incongruência do tempo, etc! É disso que se trata este blog. Não irei escrever nada de meu mas irei citar (apropriar-me) o que é de outros e que a outros pertence.
domingo, abril 28, 2013
sexta-feira, abril 19, 2013
A intenção
Àparte outras
coisas mais simpáticas, o casamento é a transformação de um sentimento privado
numa obrigação pública. Este ou esta amar aquela ou aquele por todo o sempre
com a exclusão de todos os outros e de todas as outras. Quem alguma vez tenha
amado sabe perfeitamente que é isso que apetece, que o amor é eterno e único
durante algum tempo. E depois logo se vê. Mas essa é a melhor justificação que
pode haver para o casamento. A intenção.
Hélder Macedo, “Solteiros e
casados”, “JL” n.º 1106
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