De vez em quando,
faço um pequeno exercício. Levanto-me do sofá, olho para as estantes da sala e
tento lembrar-me do que me levou até um determinado livro, ou do que o trouxe
até mim. Há romances enviados pelas editoras; volumes de poesia comprados em
livraria independentes (algumas já falidas); literatura estrangeira que chegou
um dia pelo correio, embrulhada no cartão da Amazon. Mas o que me levou
concretamente a escolher aquela obra, aquele autor? Na maior parte dos casos, a
resposta é óbvia. Escolhi-os porque sim. Porque um clássico é um clássico.
Porque dos escritores preferidos queremos sempre a obra completa. Porque alguém
nos diz à mesa do café: «Tens mesmo de ler isto.» Mas também há livros que não
sei de onde vieram, por que raio acabaram cá em casa, no meio dos outros. Alguém
mos emprestou? Não faço ideia. Quando dou por eles, têm o ar comprometido dos
passageiros clandestinos.
José Mário Silva, “Ler –
Livros e Leitores” n.º 114, Junho 2012
Citações... Acontece em leituras deparar com a frase perfeita, ou um pensamento elaborado tal qual o sentimos e gostaríamos de escrever, ou o espanto da descoberta de um conceito com o qual passamos a concordar plenamente, ou de uma ideia marcada pela incongruência do tempo, etc! É disso que se trata este blog. Não irei escrever nada de meu mas irei citar (apropriar-me) o que é de outros e que a outros pertence.
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