quinta-feira, agosto 23, 2012

Como os livros chegam até nós...


De vez em quando, faço um pequeno exercício. Levanto-me do sofá, olho para as estantes da sala e tento lembrar-me do que me levou até um determinado livro, ou do que o trouxe até mim. Há romances enviados pelas editoras; volumes de poesia comprados em livraria independentes (algumas já falidas); literatura estrangeira que chegou um dia pelo correio, embrulhada no cartão da Amazon. Mas o que me levou concretamente a escolher aquela obra, aquele autor? Na maior parte dos casos, a resposta é óbvia. Escolhi-os porque sim. Porque um clássico é um clássico. Porque dos escritores preferidos queremos sempre a obra completa. Porque alguém nos diz à mesa do café: «Tens mesmo de ler isto.» Mas também há livros que não sei de onde vieram, por que raio acabaram cá em casa, no meio dos outros. Alguém mos emprestou? Não faço ideia. Quando dou por eles, têm o ar comprometido dos passageiros clandestinos.
José Mário Silva, “Ler – Livros e Leitores” n.º 114, Junho 2012

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