sexta-feira, setembro 07, 2012

Sobre a tradução


- O que há de poético na obra de Cervantes – observei, como se estivesse a fazer uma conferência – é quase intransmissível noutra língua. Trata-se, de resto, de um fenómeno literário que abrange qualquer género de grande poesia e de determinado tipo de prosa. Não quer dizer que devemos ignorar Kafka por não saber checo, mas há autores que constroem o clima com a própria língua e existe uma grande desvalorização na passagem para outro idioma. Ler James Joyce sem ser na língua original é perder trinta por cento nas entrelinhas. Ler Rimbaud é como perder qualquer coisa como cinquenta por cento.
Dennis McShade, “Requiem para D. Quixote”

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