- O que há de
poético na obra de Cervantes – observei, como se estivesse a fazer uma conferência
– é quase intransmissível noutra língua. Trata-se, de resto, de um fenómeno
literário que abrange qualquer género de grande poesia e de determinado tipo de
prosa. Não quer dizer que devemos ignorar Kafka por não saber checo, mas há
autores que constroem o clima com a própria língua e existe uma grande
desvalorização na passagem para outro idioma. Ler James Joyce sem ser na língua
original é perder trinta por cento nas entrelinhas. Ler Rimbaud é como perder
qualquer coisa como cinquenta por cento.
Dennis McShade, “Requiem
para D. Quixote”
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