quarta-feira, novembro 18, 2009

Escola... ao longo dos tempos!


Zombava Dionísio dos gramáticos que cuidam de informar-se dos males de Ulisses e ignoram os seus próprios; dos músicos que afinam as suas flautas e não fazem o mesmo com os seus costumes; dos oradores que pregam a justiça e não a praticam. Se a nossa alma não segue melhor caminha; se não logramos dispor de um juízo mais são, mais estimaria que o meu escolar tivesse passado o tempo a jogar à bola; pelo menos, deste modo teria o corpo mais ágil. Vede-o ao voltar dos seus estudos, depois de ter empregado neles quinze ou dezasseis anos; acha-se incapaz e inábil para o exercício de qualquer profissão ou trabalho; a única coisa que se pode notar nele é que o latim e o grego, que aprendeu, o tornaram mais néscio e presunçoso do que era, ao abandonar a casa dos pais. Devendo possuir uma alma cheia, trá-la inchada; em vez de fortificá-la, contentou-se em inflá-la.
Montaigne, “Ensaios”

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