Como de costume, às oito, o sol começou a entrar pelo quarto dentro. Mas já não pôde, à semelhança das mais vezes, descer ao peitoril da janela, inundar o soalho, subir à cama, devorar pouco a pouco a colcha branca, incendiar um naco do cobertor vermelho, e acabar por bater-lhe em cheio nas meninas dos olhos. Hoje um e logo a seguir o outro, tinham partido.
Miguel Torga, conto “O Estrela e a Mulher” in “Rua” (1942)
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