segunda-feira, junho 13, 2011

sonhador, fraterno, anarquista, amoroso dos lírios do vale e das aves do céu, inútil, sobretudo inútil


Saudou-se muito, como um grande progresso para católicos, o único rebanho que ainda mantinha no a que chamam religião alguma coisa do que o cristianismo foi de início, isto é, oriental e mediterrânico, contrapondo-se ao protestantismo, geométrico, moral, cesarista, capitalista e útil; saudou-se, pois, muito, a sua modernização, quero eu dizer a sua falta de coragem para se manter o que sempre deveria ter sido, sonhador, fraterno, anarquista, amoroso dos lírios do vale e das aves do céu, inútil, sobretudo inútil; tudo foi feito de muito boas intenções, as tais, mas lá se foi por S. Paulo, Constantino e Lutero.
Agostinho da Silva, «Quinze princípios portugueses», “Espiral”, n.º 8-9 (Inverno de 1965)

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