terça-feira, outubro 02, 2012

Azémola!


Azémola de moleiro, com mais manha que o amo, para avançar havia de escolher o piso, ladeando os desníveis do terreno, e porfiando a todo o transe na verdade matemática de que mais segura que a recta é a linha curva.
E se eu tinha descuido em tangê-la, ternamente se ensimesmava em contemplação, detendo-se de orelhas em riste para um campo que verdejasse, ou pondo-se a tosar os jactos de junquilhos, que a mão graciosa do Criador plantara pelos andurriais para os nossos humildes irmãos, segundo a lírica franciscana. Outras vezes, suspendia-se a calcular a operação duma subida, até que eu incentivasse com um irosíssimo: anda, azémola do demo!
Aquilino Ribeiro, “A Via Sinuosa”

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