Em Portugal, os
homens do mar estão em vias de extinção, ou quase. Os dados referentes aos
últimos 20 anos são esclarecedores. O número de pescadores nacionais caiu de 30
mil em 1995 para menos de 19 mil e para cerca de 16.700 em 2013. Em contraciclo
com o crescimento das frotas europeias e mundiais nas últimas cinco décadas, a
frota de navios de comércio de bandeira portuguesa e com registo convencional
português, controlados por armadores nacionais decresceu de 94 navios em 1980
para 58, em 1990; 28, em 2000; 17, em 2005; 13, em 2010; por fim, 10, em 2015.
Filipa Melo, “Os Últimos
Marinheiros”, Ler – Livros e Leitores” n.º 138, Verão 2015
Citações... Acontece em leituras deparar com a frase perfeita, ou um pensamento elaborado tal qual o sentimos e gostaríamos de escrever, ou o espanto da descoberta de um conceito com o qual passamos a concordar plenamente, ou de uma ideia marcada pela incongruência do tempo, etc! É disso que se trata este blog. Não irei escrever nada de meu mas irei citar (apropriar-me) o que é de outros e que a outros pertence.
sábado, agosto 29, 2015
segunda-feira, agosto 24, 2015
Fala da Rainha para Bento Banha Cardoso
Fala da Rainha para
Bento Banha Cardoso
Antes do mais sou
fêmea, capitão
e vós sabeis
que uma mulher
dispõe
de outros recursos.
Para vosso desfavor
eu sou mulher
e rei
cabo de guerra
e negra.
Respondo pela voz
da fêmea:
- aspiro a ver-vos
rendido.
respondo pela voz
do povo:
- o povo quer-vos
vencido.
Pela voz das tropas
respondo:
- apraz-nos ver-vos
em fuga.
Respondo pela voz
da raça:
- a raça quer-vos
humilde.
A guerra é sem
quartel
capitão-mor
e se eu morrer sem
ver-vos
de abalada
hei-de parir quem
cumpra
essa alegria.
(1974)
Ruy Duarte de Carvalho,
“Lavra – Poesia Reunida 1970 / 2000”
segunda-feira, agosto 10, 2015
o Porto é...
- Diga menina,
disse o empregado dirigindo-se a ela.
Este doce hábito de
tratar as pessoas, tão típico do Porto, em que o termo “menina”, vai dos cinco
aos noventa e cinco anos.
Armando Sena, “Colheita de
Incertezas”
quarta-feira, agosto 05, 2015
fonte de todos os tormentos
«Encham os homens de informações inofensivas, incombustíveis, que eles se sintam a rebentar de “factos”, informados acerca de tudo. Em seguida, eles imaginarão que pensam e terão o sentimento do movimento, enquanto realmente apenas se arrastam. Serão felizes porque os conhecimentos deste género são imutáveis. Não os levem para terrenos escorregadios como a filosofia ou a sociologia, em que tenham de confrontar a sua experiência. É a fonte de todos os tormentos.»
Ray Bradbury, in Fahrenheit 451 (1953)
segunda-feira, agosto 03, 2015
da escrita: a caneta que mente!
Às vezes a caneta
começa a falar por nós e afasta-se da justeza dos nossos sentimentos, como se
soubesse mais do que nós ou tirasse prazer de os modificar: sem verdadeiramente
nos trair, mente onde queríamos ser sinceros.
José Dias de Souza, “A
Sétima Letra”
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