domingo, novembro 13, 2011

Europa vs. América

Considere-se uma chávena de café americano. Em qualquer lado se encontra. Qualquer um pode prepará-la. É barata – e as segundas doses são gratuitas. Dado que, em grande parte, não tem sabor, pode diluir-se à vontade. O que lhe falta em sedução é compensado pelo tamanho. É o método mais democrático já inventado para introduzir cafeína em seres humanos. Agora vejamos uma chávena de espresso italiano. Requer equipamento caro. A relação preço-qualidade é escandalosa, dando a entender indiferença pelo consumidor e ignorância do mercado. A satisfação estética da bebida supera de longe o seu efeito metabólico. Não é uma bebida, é um artefacto.
Tony Judt, “O Século XX Esquecido – lugares e memórias”

Sem comentários: