domingo, outubro 30, 2011

Dũa austera, apagada e vil tristeza


Não mais, Musa, não mais, que a lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho,
Não no dá a Pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dũa austera, apagada e vil tristeza.
Luís Vaz de Camões, “Os Lusíadas” – canto X, 145

2 comentários:

António Bandarra disse...

Podia ser escrito ontem, hoje, e....amanhã?

António Bandarra disse...

Os grandes autores são intemporais. E no entanto, fomos sobrevivendo enquanto povo. Mas todos os dias me pergunto - há futuro, não agora para um povo, mas para a humanidade?