quinta-feira, janeiro 02, 2014

...enxames de diabinhos largar pelas janelas, arrepelando-se e batendo as nádegas, furibundos



O senhor padre Ambrósio, meu bom mestre, revestido de pluvial a lhama de prata e franja de oiro, com o Tiago do Eido de caldeirinha à mão esquerda, brandindo a hissope por sobre as cabeças submissas, passeou o recinto em cruz. Ao tempo que os seus lábios proferiam a antífona asperges me, o movimento do braço, repartindo a água com a cadência ordenada de um semeador, afugentava dos corpos e das almas os espíritos malignos, os génios do mal e toda a classe de potências do reino das sombras. E era ao cabo daquela prática que os olhos ditosos de D. Ludovina, beata que floria os altares e comungava todas as sextas-feiras, viam enxames de diabinhos largar pelas janelas, arrepelando-se e batendo as nádegas, furibundos.
Aquilino Ribeiro, “A Via Sinuosa”

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