E já se vai
construindo uma teoria que explica a nossa perpétua solidão: se nos mantivermos
sem companheiro entre os que nos disseram ser nossos semelhantes, é porque não
encontramos nenhuma criatura espontânea. Ninguém que saiba dar-nos ocasião a
estados primordiais, e a abafarmos com eles a nossa existência para uma magia
ao mesmo tempo magnífica e brutal.
René Crevel, “O Meu Corpo e
Eu”
Citações... Acontece em leituras deparar com a frase perfeita, ou um pensamento elaborado tal qual o sentimos e gostaríamos de escrever, ou o espanto da descoberta de um conceito com o qual passamos a concordar plenamente, ou de uma ideia marcada pela incongruência do tempo, etc! É disso que se trata este blog. Não irei escrever nada de meu mas irei citar (apropriar-me) o que é de outros e que a outros pertence.
domingo, janeiro 31, 2016
domingo, janeiro 24, 2016
Madame Bovary, c’est moi
Que sensação
deliciosa é escrever, não estar concentrado em si, mas circular por toda a
criação de que falamos. Hoje, por exemplo, senti-me homem e mulher juntos,
amante e amada sucessivamente, passeei a cavalo por uma floresta, numa tarde de
outono, sobre um tapete de folhas amarelas. E eu era os cavalos, as folhas, o
vento, as palavras que eles trocavam, e o sol vermelho que os fazia cerrar
levemente as pálpebras sob o peso do amor.
carta de Flaubert a Louise,
23 de dezembro de 1853domingo, janeiro 17, 2016
Douro: arquitectura maison style ou suburbana...
Por vezes
precisamos de um forasteiro para reconhecer o valor das nossas coisas. Eu não
precisava de um forasteiro para valorizar a paisagem, mas precisava de um que
me conseguisse fazer ignorar a fealdade da arquitectura maison style ou suburbana dominante nas terrinhas do Douro. O Nik
nem via o mau gosto das construções e das ruas, de olhar preso no rio, nas
encostas, nos socalcos, e certamente um pouco cego pela intensa luz solar.
Rui Ângelo Araújo, “A
Origem do Ódio – Crónica de um Retiro Sentimental”
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