Era minha amiga,
íntima paca. Eu fazia o que queria com ela, pelo simples fato que deixava ela
fazer o que queria comigo. Foi vindo e indo, a coisa. Um dia percebemos que
estávamos apaixonados, a palavra e eu. Que eu podia procriar nela: e ela deixava.
Era uma arma de fazer coisas quase indizíveis. Se chamava, acho, precisão.
Juntos, ela e eu, nos colocamos a serviço das coisas tão essenciais, que nos
doíam. Pelo supremo orgulho de ninguém nos entender e à nossa comunhão. E aí
nos sentámos e escrevemos, com precisão científica, vendo como queríamos, como
ía o mundo, no exato ponto ótico em que vivíamos...
Millôr Fernandes, “Flávia,
cabeça, tronco e membros”
Citações... Acontece em leituras deparar com a frase perfeita, ou um pensamento elaborado tal qual o sentimos e gostaríamos de escrever, ou o espanto da descoberta de um conceito com o qual passamos a concordar plenamente, ou de uma ideia marcada pela incongruência do tempo, etc! É disso que se trata este blog. Não irei escrever nada de meu mas irei citar (apropriar-me) o que é de outros e que a outros pertence.
2 comentários:
Sem tradução!
A palavra dele
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