quinta-feira, dezembro 06, 2012

A palavra e eu, apaixonadamente


Era minha amiga, íntima paca. Eu fazia o que queria com ela, pelo simples fato que deixava ela fazer o que queria comigo. Foi vindo e indo, a coisa. Um dia percebemos que estávamos apaixonados, a palavra e eu. Que eu podia procriar nela: e ela deixava. Era uma arma de fazer coisas quase indizíveis. Se chamava, acho, precisão. Juntos, ela e eu, nos colocamos a serviço das coisas tão essenciais, que nos doíam. Pelo supremo orgulho de ninguém nos entender e à nossa comunhão. E aí nos sentámos e escrevemos, com precisão científica, vendo como queríamos, como ía o mundo, no exato ponto ótico em que vivíamos...
Millôr Fernandes, “Flávia, cabeça, tronco e membros”

2 comentários:

Anónimo disse...

Sem tradução!

Anónimo disse...

A palavra dele