quarta-feira, dezembro 09, 2009

Chuva como um Niágara!


A chuva não caia em gotas distintas, mas em fios de água de grossura variável. Era algumas vezes como uma massa compacta, um lençol de água, uma catarata, um Niágara. Imagine-se um grande tanque aéreo que contivesse um mar e se virasse por súbito movimento. Pela acção de tais derramamentos formam-se as barrocas, as planícies transformam-se em lagos, os ribeiros em torrentes, e os rios inundam vastíssimos territórios. É o contrário que acontece em zonas temperadas, onde a violência das trovoadas está na razão inversa da sua duração. Na África, por muito fortes que sejam, duram muitos dias. Como se pode acumular tanta electricidade nas nuvens? Como se podem juntar tantas massas de vapor? É difícil compreender. Mas é assim, e a vista de tais fenómenos transportam-nos às épocas extraordinárias do período diluviano.
Júlio Verne, “Um Herói de Quinze Anos”

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